domingo, 9 de janeiro de 2011

Os 6 poluentes tóxicos que mais ameaçam o planeta

Atualmente, mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo estão expostas à poluição tóxica - de metais pesados, pesticidas aos radionuclídeos - em níveis superiores aos tolerados pelas organizações internacionais de saúde. Com ações de monitoramento e mitigação em regiões vulneráveis, a organização ambiental Blacksmith Institute listou os principais poluentes tóxicos que ameaçam o mundo hoje. Confira a seguir.

1 - Chumbo

Metal pesado encontrado em abundância na crosta terrestre, o chumbo é o poluente de maior ameaça em escala global: estima-se que 10 milhões de pessoas vivam em regiões contaminadas. Material químico chave para a criação de baterias de carro ( ¾ de sua produção anual é destinada à indústria automotiva), o chumbo é frequentemente liberado no meio ambiente através de processos de reciclagem informais, sem controle de segurança ambiental, e também pela atividade de mineração.

As principais formas de contaminação se dão pela ingestão de alimentos ou água contaminados e por inalação de partículas de poeira da substância, que pode se armazenar por até 30 anos no tecido ósseo. Os efeitos da exposição ao chumbo são devastadores e incluem danos neurológicos, redução de QI, anemia, distúrbios nervosos, perda de controlo muscular e, em graus elevados, até a morte.


2 - Mercúrio

Usado em centenas de aplicações, da produção de gás cloro e soda cáustica à composição de amálgamas dentárias e baterias, o mercúrio assume sua forma mais ameaçadora à saúde humana durante o garimpo de ouro.

Na mineração, ele auxilia o processo de purificação do metal valioso conhecido como "amalgamação", sendo liberado na forma de vapor no meio ambiente. Os trabalhadores, que lidam dia-a-dia na atividade garimpeira, são os mais suscetíveis a aspirar esse vapor tóxico e imperceptível. A contaminação também pode acontecer por ingestão de peixes oriundos de águas poluídas. Estima-se que 8.6 milhões de pessoas vivam em regiões vulneráveis à contaminação.

Neurotoxina potente, o mercúrio pode causar danos irreversíveis ao cérebro. Entre os sintomas da contaminação estão dormência em braços e pernas, visão nebulosa, letargia e irritabilidade, problemas renais e intoxicações pulmonares, além de prejudicar o desenvolvimento fetal.

3 - Cromo

Processos industriais são os principais responsáveis pela poluição através do chamado cromo hexavalente, a forma mais perigosa deste metal pesado e altamente cancerígena. As indústrias que mais contribuem para a contaminação envolvem operações de tratamento de metais, soldagem de aço inoxidável, produção de cromato e processo de curtimento de couro.

De todas as regiões afetadas e identificadas até agora pelo Blacksmith Institute, aproximadamente 75% estão localizados no Sul da Ásia. As comunidades locais utilizam a água contaminada para vários fins, incluindo irrigação de cultivos, higiene pessoal e para lavar louças e roupas.

Conhecido carcinógeno humano, o cromo apresenta impactos drásticos na saúde, de lesões gastrointestinais e respiratórias até anomalias genéticas em fetos em desenvolvimento.

4 - Arsênio

Em seu estado elementar, o arsênio é um material cinza sólido, frequentemente encontrado no meio ambiente combinado com outros elementos. Seus compostos geralmente formam um pó branco ou incolor que não tem cheiro ou sabor, o que dificulta identificação do tóxico em alimentos, na água ou na atmosfera.

Segundo o Blacksmith Institute, em todo o mundo, pelo menos 3,7 milhões de pessoas vivem em regiões contaminadas. Boa parte das ocorrências é de origem natural em nascentes que apresentam alta concentração do metal no sul e leste asiáticos, onde consumo de arroz cultivado com água contaminada e a ingestão do líquido são os responsáveis pelo envenenamento.

O arsênio também é largamente empregado em processos de fundição de metais e na conservação de madeira. Quando aquecido, é liberado no ar como poeira, e pode ser inalado pelos trabalhadores. A intoxicação por arsênio provoca, em casos menos graves, o aparecimento de feridas na pele que não cicatrizam e diminuição da produção de glóbulos vermelhos. Em um estado mais crítico da contaminação, podem aparecer gangrenas, danos a órgãos vitais, câncer de pele e até levar a morte.

5 - Pesticidas

Os pesticidas usados na agricultura, muitas vezes migram para proximidades de córregos, rios, lagos e fontes de água subterrâneas. Muitos se acumulam nos tecidos dos organismos aquáticos, que se tornam fontes potenciais de contaminação caso ingeridos.

Aqueles que trabalham com o cultivo, estão expostos aos agrotóxicos através da exposição dérmica. Na maioria dos países de baixa e média renda, os pesticidas são aplicados normalmente sem o uso de equipamentos de proteção. Os pesticidas também entram no corpo humano por inalação quando se respira o vapor de sprays químicos durante a aplicação nos campos. Outra fonte de intoxicação é por consumo de água contaminada.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, em conjunto com a United Nations Environment Programme, a cada ano, três milhões de trabalhadores agrícolas sofrem de casos agudos de intoxicação por agrotóxicos, muitos dos quais ocorrem em países de baixa e média renda. Os efeitos agudos da exposição a pesticidas podem incluir dores de cabeça, tonturas, náuseas, convulsões e até a morte.

6 - Radionuclídeos

Da mineração de urânio para a produção de armas e reatores nucleares à fabricação de produtos radiológicos de uso hospitalar, os radionuclídeos são uma verdadeira bomba atômica para a saúde de qualquer ser humano. Segundo Blacksmith Institute, cerca de 3.3 milhões de pessoas vivem em regiões vulneráveis à contaminação.

Não há nível seguro de exposição à radiação. Intoxicados com doses não letais podem sofrer alterações sanguíneas, náuseas e fadiga. As crianças são particularmente vulneráveis. Durante o seu crescimento, as células se dividem sem parar, e mais oportunidades existem para a radiação interferir no processo. Durante o desenvolvimento fetal, isso pode resultar em anomalias genéticas.

Em 1987, um acidente radiológico no Brasil envolveu o Césio-137. Uma cápsula contendo o elemento foi encontrada nos escombros do Instituto Goiano de Radioterapia e vendida a um ferro-velho. A luminescência do césio atraiu a atenção de moradores da região que o passaram de mão em mão. Mais de 800 pessoas foram contaminadas e pelo menos outras 200 morreram devido aos efeitos da radiação.

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