“O carioca rasga dinheiro
quando joga sujeira no chão. Grande parte da verba poderia ser aplicada na saúde, educação ou conservação da cidade”, comenta o secretário
municipal de Conservação, Carlos Roberto Osório. “É como se uma pessoa jogasse
fora uma moeda de R$ 1 quando larga um copo no chão”, compara a presidente da
Comlurb, Angela Fonti.
Segundo o secretário,
1,2 milhão de toneladas recolhidas por ano nas ruas da cidade representa mais
do que o dobro dos resíduos largados em vias de países desenvolvidos.
Além de economia, a
mudança de hábito reduziria os transtornos da operação de limpeza da cidade.
“Poderíamos fazer um trabalho mais rápido, com menos caminhões. Além de a
cidade ficar limpa e agradável, os problemas de saúde pública iriam diminuir”,
ressalta Angela.
Das 34 regiões
administrativas da cidade, Campo Grande foi a que produziu mais lixo
no mês de junho: 9.182 toneladas. Na outra ponta da tabela está a Ilha de
Paquetá, com 35 toneladas.
A população flutuante
influencia nos resultados. O Centro da cidade aparece na 19ª colocação em
quantidade de lixo gerado, com 2.143 toneladas por mês. Mas, se for considerada
a média de sujeira produzida por habitante, ficaria em primeiro lugar, com 2,6
kg por pessoa. O alto índice se explica pelo grande número de visitantes que
frequentam o bairro. Nesta lógica, Guaratiba seria a região mais limpa, com só
0,17 kg por morador.
“Os bairros mais
residenciais têm menos problemas de lixo público. Isso revela um comportamento.
As pessoas não jogam lixo na porta de sua casa”, explica o secretário Carlos
Osório.
Garis
retiram mais de meia tonelada de resíduos por dia na Av. Rio Branco
Varrida quatro vezes por dia, a Avenida Rio Branco, no Centro, exige operação
especial. Em seu 1,7 km de extensão, 16 garis retiram todo dia 580 kg de lixo,
apesar de a via ter 100 lixeiras.
Outras áreas de grande
circulação recebem atenção especial, como o Largo de São Francisco, entorno da
Central, Largo da Carioca, Cinelândia, Lapa, Calçadão de Campo Grande, Calçadão
de Madureira e Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Apenas na Praia de
Copacabana, cerca de 90 toneladas de lixo são recolhidas por fim de semana. Na
areia, são retirados, em maior quantidade, garrafas PET, coco, canudo, papel e
embalagens.
A sujeira jogada nas ruas ‘volta’ para o cidadão, ao
causar problemas de saúde e atrair roedores. “Na chuva, o lixo é arrastado para
galerias pluviais. Isso leva ao entupimento, que agrava os alagamentos. O lixo
é o grande inimigo da drenagem urbana”, alerta o secretário. “Não sujar a rua é
uma questão de educação, de gostar da cidade”, acrescenta Angela.