quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Comlurb gasta R$ 400 milhões recolhendo lixo jogado pelos cariocas nas ruas

Todos os anos, a mania do carioca de jogar lixo na rua consome um dinheirão que daria para construir dez hospitais de grande porte. O valor do desperdício equivale à construção de 80 escolas, 100 Unidades de Pronto-Atendimento (UPA), 114 Clínicas da Família ou 133 Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDI), com creche e pré-escola. De R$ 1 bilhão do orçamento da Comlurb, R$ 400 milhões (40%) são para recolher o lixo jogado no espaço público.

“O carioca rasga dinheiro quando joga sujeira no chão. Grande parte da verba poderia ser aplicada na saúde, educação ou conservação da cidade”, comenta o secretário municipal de Conservação, Carlos Roberto Osório. “É como se uma pessoa jogasse fora uma moeda de R$ 1 quando larga um copo no chão”, compara a presidente da Comlurb, Angela Fonti.



Segundo o secretário, 1,2 milhão de toneladas recolhidas por ano nas ruas da cidade representa mais do que o dobro dos resíduos largados em vias de países desenvolvidos.


Além de economia, a mudança de hábito reduziria os transtornos da operação de limpeza da cidade. “Poderíamos fazer um trabalho mais rápido, com menos caminhões. Além de a cidade ficar limpa e agradável, os problemas de saúde pública iriam diminuir”, ressalta Angela.



Das 34 regiões administrativas da cidade, Campo Grande foi a que produziu mais lixo no mês de junho: 9.182 toneladas. Na outra ponta da tabela está a Ilha de Paquetá, com 35 toneladas.


A população flutuante influencia nos resultados. O Centro da cidade aparece na 19ª colocação em quantidade de lixo gerado, com 2.143 toneladas por mês. Mas, se for considerada a média de sujeira produzida por habitante, ficaria em primeiro lugar, com 2,6 kg por pessoa. O alto índice se explica pelo grande número de visitantes que frequentam o bairro. Nesta lógica, Guaratiba seria a região mais limpa, com só 0,17 kg por morador.


“Os bairros mais residenciais têm menos problemas de lixo público. Isso revela um comportamento. As pessoas não jogam lixo na porta de sua casa”, explica o secretário Carlos Osório.

Garis retiram mais de meia tonelada de resíduos por dia na Av. Rio Branco


Varrida quatro vezes por dia, a Avenida Rio Branco, no Centro, exige operação especial. Em seu 1,7 km de extensão, 16 garis retiram todo dia 580 kg de lixo, apesar de a via ter 100 lixeiras.



Outras áreas de grande circulação recebem atenção especial, como o Largo de São Francisco, entorno da Central, Largo da Carioca, Cinelândia, Lapa, Calçadão de Campo Grande, Calçadão de Madureira e Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Apenas na Praia de Copacabana, cerca de 90 toneladas de lixo são recolhidas por fim de semana. Na areia, são retirados, em maior quantidade, garrafas PET, coco, canudo, papel e embalagens.

A sujeira jogada nas ruas ‘volta’ para o cidadão, ao causar problemas de saúde e atrair roedores. “Na chuva, o lixo é arrastado para galerias pluviais. Isso leva ao entupimento, que agrava os alagamentos. O lixo é o grande inimigo da drenagem urbana”, alerta o secretário. “Não sujar a rua é uma questão de educação, de gostar da cidade”, acrescenta Angela.

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