domingo, 7 de julho de 2013

Os Impactos Socioambientais da Exploração do Gás de Xisto

O gás de xisto é encontrado em diversos tipos de rochas. Como está preso no interior de pequenas frestas, ele não pode ser extraído simplesmente fazendo um poço vertical, como os utilizados para extrair petróleo. Mas, nos últimos anos, foi aperfeiçoada uma tecnologia capaz de extrair este combustível de maneira fácil e barata. 

Primeiro, se faz um furo vertical até a profundidade do reservatório. Depois, o equipamento de perfuração é reorientado de modo que o furo continua na direção horizontal por longas distâncias (até 3 km), aumentando a área de contato do furo com a rocha porosa que contém o gás. O passo seguinte consiste em injetar água com produtos químicos no furo e submeter este líquido a grandes variações de pressão. A água, com os produtos químicos, provoca rachaduras na rocha, que permitem o vazamento do gás para dentro do furo. As rachaduras também podem ser provocadas utilizando explosivos detonados na ponta do furo. Este processo é chamado de "fracking", pois provoca rachaduras em grandes extensões da rocha que contém o gás. São por essas rachaduras que o gás escapa, é coletado, e chega à superfície. 

O problema é que as rochas que contêm o gás estão por baixo das camadas de rocha onde se acumula a água de consumo, os chamados aquíferos. O risco é que, da mesma maneira que essas rachaduras permitem a migração do gás combustível para o interior do furo, elas oportunizam o vazamento do gás para dentro dos reservatórios de água, contaminando a água potável presente no subsolo.



Desde o início do boom da exploração do gás de xisto (shale gas) nos EUA, os ambientalistas se preocupavam com o risco de contaminação dos reservatórios de água. Agora, os primeiros estudos científicos demonstraram que a contaminação de fato ocorre, mas ainda não se sabe a extensão do problema.

Cientistas da Universidade Duke, da Carolina do Norte, analisaram amostras de água de 141 poços privados que abastecem as casas situadas na bacia de gás xisto de Marcellus, no nordeste da Pensilvânia e no sul do estado de Nova York. As concentrações de metano na água potável das residências situadas a menos de um quilômetro dos locais de perfuração eram, em média, seis vezes maiores às da água das casas que estavam mais distantes, enquanto as concentrações de etano eram 23 vezes superiores.

A quantidade de metano superava amplamente, na maioria destes poços, os 10 miligramas por litro de água, o máximo nível aceito pelas autoridades sanitárias dos Estados Unidos. Também foi detectado propano em dez amostras d'água dos poços das casas situadas a menos de um quilômetro dos locais de extração.

Segundo o Professor Robert Jackson, responsável pelo estudo, os resultados sobre metano, etano e propano, assim como novos indícios de rastros de isótopos de hidrocarboneto e hélio, levam a crer que a extração de gás de xisto afetou as fontes de água potável nos lares mais próximos. Os dados sobre a contaminação de etano e propano são novos e difíceis de refutar: "Não há nenhuma fonte biológica de etano e propano na região e a bacia de gás de xisto Marcellus é rica nestes dois gases", reforçou o pesquisador.

Estudos anteriores feitos pelos pesquisadores da mesma universidade tinham encontrado indícios de contaminação de metano em poços d'água situados perto das áreas de perfuração no nordeste da Pensilvânia.

No entanto, um terceiro estudo, feito por cientistas do Instituto Nacional de Geofísica dos Estados Unidos, não tinha encontrado evidências de contaminação na água potável por causa da extração de gás de xisto no Arkansas.

Ao longo dos próximos anos será possível saber se a contaminação ficará restrita aos poços próximos dos furos ou se espalhará por todo o aquífero, contaminando as três grandes reservas de água da região. Falta também investigar se esses problemas podem ser controlados, melhorando a tecnologia de extração de gás. De qualquer modo, os primeiros estudos são no mínimo preocupantes.


É impressionante a pequena quantidade de estudos que tentam mapear os riscos ambientais desse tipo de exploração. A sensação é que ainda não é possível ter certeza se a exploração de gás de xisto vai se tornar uma atividade segura ou um grande desastre ambiental. Parece que a humanidade decidiu pular na piscina da riqueza e, só agora, depois que partiu do trampolim, resolveu olhar se a piscina tem água.

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